terça-feira, 21 de outubro de 2008

O NEVOEIRO DO CORAÇÃO PARTIDO

A tristeza está sempre presente no ser humano. Quando não é a tristeza, é no mínimo, a insatisfação. Quem tem carro, quer trocar de modelo; quem não tem casa, quer uma; quem já tem, quer outra; quem tem cabelo liso, quer cabelo cacheado; quem tem cacheado, quer cabelo liso. Nada nunca tá bom, estamos sempre preocupados com algo, ou alguém, sempre buscando mais, querendo mais. A busca é sempre bom, pois mostra que o ser está vivo, e que pode crescer, melhorar, se re-inventar, conhecer-se. O único problema disso é querer o que é humanamente impossível. Peixe não pode ser elefante e galinha não pode ser bicho-preguiça.... Não orna!!!
Bom, confesso que volta e meia eu quero coisas que são humanamente impossíveis e isso me desgasta muito, e quando não é humanamente impossível (mas não posso realizar meu desejo no momento que quero), eu simplesmente sofro como se o mundo tivesse acabado e eu fosse a única sobrevivente. Praticamente uma criança mimada e exagerada! E esse desespero todo pode ser observado no último post. Mas, graças a Deus, me resta um pingo de sanidade mental e recursos internos para perceber que ninguém tem tudo que quer na vida, e como já dizia meu professor de psicanálise: "Ninguém tem tudo que quer, na hora que quer e do jeito que quer". Ainda bem! Já pensou se minha mãe atendesse aos meus pedidos infantis de comer todo miojo e chocolate existentes no mundo todo?
Estava lendo um texto muito interessante - de um dos meus autores favoritos, e me identifiquei com essa minha fase tristonha e mimada e satisfatoriamente reversível. Gostaria de postar aqui o texto do Max Lucado - que tem o dom de tocar o íntimo do ser humano e tirar a venda dos nossos olhos, quando nós mesmos não somos capazes de fazê-lo.
O NEVOEIRO DO CORAÇÃO PARTIDO
Max Lucado

É um nevoeiro escuro que aprisiona furtivamente a alma e se recusa a ir embora. É uma neblina silenciosa que esconde o sol e chama as trevas. É uma nuvem pesada que não honra qualquer hora, nem respeita quem quer que seja. Depressão, desânimo, desapontamento, dúvida... todos são companheiros desta presença temida.

O nevoeiro do coração partido desorienta a nossa vida. Ele torna difícil ver o caminho. Abaixe as suas luzes! Limpe o pára-brisa! Ande mais devagar! Faça o que quiser, nada ajuda. Quando este nevoeiro nos rodeia, nossa visão fica bloqueada e o amanhã está para sempre distante. Quando esta escuridão ondulada nos envolve, as palavras mais sinceras de ajuda e esperança não passam de frases vazias.

Se você já foi traído por um amigo, sabe o que estou dizendo. Se já foi abandonado por um cônjuge ou um pai, já viu esse nevoeiro. Se já colocou uma pá de terra sobre o caixão de um ente querido ou ficou vigiando junto ao leito de alguém que ama, você reconhece também esta nuvem.
Se já esteve neste nevoeiro, ou está nele agora, pode estar certo de uma coisa — não se encontra sozinho. Até o mais esperto dos capitães da marinha já perdeu o rumo ao aparecer essa nuvem indesejada.

Faça um retrospecto dos últimos dois ou três meses. Quantos corações partidos encontrou? Quantos espíritos feridos teve ocasião de observar? Quantas histórias de tragédias chegou a ler?
A lista pode ser indefinida. Tragédias nebulosas. Como cegam nossa visão e destroem os nossos sonhos! Esqueça todas as grandes esperanças de alcançar o mundo. Esqueça todos os planos de mudar a sociedade. Esqueça todas as aspirações de mover montanhas. Esqueça tudo isso. Só me ajude a atravessar a noite.

O sofrimento do coração partido
Aquela que foi talvez a noite mais enevoada da história. Um bosque de oliveiras retorcidas. O chão coberto de pedras grandes. Uma noite escura, muito escura.
Veja agora o quadro. Olhe atentamente através da folhagem sombria. Vê aquela pessoa?
Vê aquela figura solitária? O que ele está fazendo? Deitado no chão. O rosto manchado de terra e lágrimas. Os punhos batendo no solo. O cabelo emaranhado por causa do suor salgado. Será sangue aquilo em sua testa?
Esse é Jesus. Jesus no Jardim do Getsêmani.
Você talvez tenha visto o retrato clássico de Cristo no jardim. Um alvo manto. Mãos pacificamente unidas em oração. Um olhar sereno em seu rosto. Um halo sobre a sua cabeça. Um raio de luz do céu, iluminando seu cabelo castanho dourado.
Quem pintou esse quadro não usou o evangelho de Marcos como modelo. Veja o que Marcos escreveu sobre aquela noite penosa:

"Então, foram a um lugar chamado Getsêmani. Ali chegando, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou orar. E, levando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai.
E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.
Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. Voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder.
E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima."
[Marcos 14:32-42]

Observe estas frases: “Começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia.” “Minha alma está profundamente triste.” “E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra.”
Este parece um quadro de um Jesus Santo, repousando na palma de Deus? De modo algum!!! Vemos um Jesus agonizante, lutando e se esforçando. Vemos um homem enfrentando o medo, em luta com os compromissos e ansiando por alívio.
Vemos Jesus no nevoeiro de um coração partido.

A PRÓXIMA VEZ QUE O NEVOEIRO O ENVOLVER, VOCÊ FARIA BEM EM LEMBRAR-SE DE JESUS NO JARDIM. A PRÓXIMA VEZ EM QUE PENSAR QUE NINGUÉM COMPREENDE E A AUTO-PIEDADE O CONVENCER DE QUE NINGUÉM SE IMPORTA, VÁ VISITAR O GETSÊMANI E DA PRÓXIMA VEZ EM QUE FICAR IMAGINANDO SE DEUS REALMENTE PERCEBE A DOR QUE PREVALECE NESTE POEIRENTO PLANETA, OUÇA-O SUPLICANDO ENTRE AS ÁRVORES RETORCIDAS.

Este é o ponto. Ver Deus desse modo faz maravilhas em relação ao nosso próprio sofrimento. Deus jamais foi tão humano quanto nessa hora. Deus jamais esteve mais próximo de nós do que quando sofreu.
Como resultado, o tempo passado no nevoeiro da dor poderia ser o maior dom de Deus. Poderia ser a hora em que finalmente vemos nosso Criador. E verdade que no sofrimento Deus se assemelha mais ao homem; talvez em nosso sofrimento possamos ver a Deus como nunca antes.

A PRÓXIMA VEZ EM QUE VOCÊ SOFRER, OBSERVE. TALVEZ ESSE SEJA O PONTO MAIS PRÓXIMO EM QUE VAI ESTAR DE DEUS. PRESTE MUITA ATENÇÃO. PODE MUITO BEM SER QUE A MÃO QUE SE ESTENDE PARA GUIÁ-LO PARA FORA DO NEVOEIRO ESTEJA TRASPASSADA.
Para ler mais mensagens de Max Lucado visite o site http://www.iluminalma.com/

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