sexta-feira, 4 de julho de 2008

PSICOLOGIA X RELIGIÃO

Quantas e quantas vezes fui abordada (e às vezes, inquirida – grosseiramente) a esclarecer, como que por decreto, à pergunta “Como pode, você uma estudante de um curso tão investigativo como a Psicologia se deixar levar pela religião?”; em outras vezes eu ouvi “Como é ser psicóloga e crente ao mesmo tempo? Como ficam as questões ligadas ao sexo e à Freud já que você é crente?”.

Bom, vamos por partes.....

Em primeiro lugar eu quero dizer

JESUS NÃO É RELIGIÃO, É RELAÇÃO.

E como pode ser isso? Eu entendo que religião é uma imposição, e que portanto, deve ser cumprida, sem levar em conta vontade, disposição ou reflexão. É um ato mecânico, sem reflexão, apenas executado, às vezes friamente – e claro, pra quê calor, sentimento ou emoção em algo executado e imposto como tarefa? É indiscutível, inflexível, indizível, simplesmente incontestável – apenas executado.

Relação é bem diferente. É adquirir amizade, é semelhança, ligação e, portanto, convivência. Jesus é relação porque é alguém com quem se estabelece um vínculo. Ele não é o madeiro imóvel, inanimado, estagnado e pendurado na parede na igreja (mesmo porque na minha igreja não há uma cruz sequer pendurada). Ele é vivo, atuante, carinhoso e apreciado e, já que tenho um vínculo estabelecido com Ele, significa que posso me relacionar, trocar idéias, pensamentos, defender opiniões, concordar com Ele, confidenciar segredos, relatar angústias e compartilhar alegrias. É porque Ele vive que também vivo, pois Deus (meu Pai e o de Jesus) nos criou, e se não tivesse nos criado eu de-fi-ni-ti-va-men-te não estaria escrevendo este blog.
Já que acredito ter esclarecido este ponto religião/relação, vou continuando.... Se eu tenho um hábito de discutir idéias com Jesus, isso leva a crer que eu reflita.

Reflexão é uma dúvida embutida na pergunta “Como pode, você uma estudante de um curso tão investigativo como a Psicologia se deixar levar pela religião?”. Entendo que a dúvida é como posso fazer Psicologia, que significa investigar, perguntar, entender (algo ou alguém) e me deixar levar pela religião. Esse “deixar levar” dá a idéia de peso morto, de uma pessoa desmaiada (estado inconsciente/fora de suas faculdades mentais) que é levada pela maré, e que portanto, não pode lutar-nadar-gritar-resistir. Eu não sou um peso morto e posso dizer com toda certeza que quando me tornei cristã (ato de crer, acreditar, ter uma convicção), pude abrir meus olhos, perceber e ser capaz de discutir o que vejo à minha frente. Sou agora tomada de um espírito curioso, questionador; não digo tomada – como de súbito, num arroubo de impulsividade – mas que é minha, me foi dada, é direito meu ter um espírito que não se contenta com o que tem. Eu quero mais, eu quero “ser” mais, eu quero “ter” mais, quero entender mais. E a partir do meu entendimento, eu decido o que fazer com as informações que recebi.

Eu, como pessoa-sujeito, que sente, entende, percebe, aprende e apreende sou a que decide e resolve que significados as situações, ações, pessoas e lugares têm pra mim. Sou a resposta das minhas percepções (sejam elas positivas ou disfuncionais), pensamentos, descobertas e indagações. Me construo, me desconstruo e torno a me construir à medida que tenho maturidade para perceber o mundo e os outros ao meu redor, e tenho plena convicção de que minha relação com a pessoa de Jesus me ajuda nessa dinâmica de construção existencial. Sou auxiliada e estimulada por Ele a me analisar, me entender e me re-formular, podendo assim criar condições internas duráveis e sustentáveis para auxiliar ao outro (como profissional da psicologia), que sofre, sente, se angustia e se desespera....como eu.

“Como é ser psicóloga e crente ao mesmo tempo?” Ser psicóloga e crente é ter a mínima noção de que minhas convicções não podem e nem devem ser impostas a ninguém que tenha uma relação profissional comigo – e que se coloca no papel de paciente/cliente. Não posso dizer ao outro o que ele deve sentir, perceber e, principalmente, que decisões ele deve tomar. Por mais angustiante e difícil que seja pra mim ver alguém em profunda melancolia que não consegue dar um – ainda que pequeno – passo a diante, não posso dizer a ele o que fazer e nem no que acreditar. Vou auxiliá-lo e até estimulá-lo a refletir sobre sua vida, sem que em momento algum eu projete meus desejos na vida dele. Ele tem a escolha de tomar em suas mãos o curso de sua vida e, como num processo gradual, ele vai deixando sua fragilidade de lado e descobrindo sua autonomia e individualidade perdidas. E assim como eu – que passo e sei que continuarei passando por este processo de auto-monitoramento-descobrimento com o auxílio da pessoa de Jesus.

“Como ficam as questões ligadas ao sexo e á Freud já que você é crente?”. Não entendo ainda porque as pessoas têm esse receio de achar que crente não tem sexo, não tem gosto, vontade e como já disse, decisão. As pessoas precisam definitivamente entender que Deus CRIOU o sexo e criou como um presente para os casais; criou porque sabia da necessidade de satisfação não só emocional, mas corporal do ser humano. A sensação de descarga liberada no orgasmo é prazerosa ao ser humano e sim, é saudável e extremamente viável. Mas não é por isso que devo sair por aí como uma cachorra no cio à procura de um pedaço de carne humana e como um pedaço de carne para me satisfazer – porque é assim que muitas pessoas se comportam.

TUDO ME É LÍCITO, MAS NEM TUDO ME CONVÊM

Claro que este comportamento difere entre as pessoas e suas motivações também, mas alguns indivíduos buscam no prazer sexual algo que perderam no decorrer de suas vidas, e que nada tem a ver com sexo. Comportamentos desenfreados como este podem acarretar sérias conseqüências psicológicas que podem paralisar e até matar uma pessoa. Se ela não encontrar uma possível resposta para suas dúvidas e angústias, pode se afundar tanto no seu “hábito”, que pode se aprisionar, e aí sim virar uma escrava do seu vício, e preciso dizer que muitas dessas pessoas “aprisionadas em si mesmas” buscam (não respostas), mas fugas na igreja. São essas “fugas de topeiras cegas” que não permitem nem sequer pensar a respeito de sua angústia. Suas mentes gritam em todo o tempo que querem liberdade, mas não se permitem buscar consolo, refúgio, e posteriormente, tratamento.

Quanto à Freud, ele é um ícone muito importante para a psicologia - é o pai da psicanálise, mas não vou levantar altares para ele e adorá-lo cegamente, de fato não vou. Concordo que ele contribuiu imensuravelmente para o campo da psicologia, mas não posso chamá-lo de “mestre-deus-verenado”, pois não o considero tudo isso. Freud provoca em mim a vontade de estudar e buscar, mas também penso que ele foi infeliz em alguns aspectos – um exemplo seria escrever e discutir incansavelmente “O Moisés e o Monoteísmo”, pois é fato que Freud era avesso à relações “espirituais”. Não estou dizendo que ele deveria ser Pastor para escrever tal obra, mas afirmo que sem discernimento espiritual, fica muito difícil entender como Moisés abriu o Mar Vermelho; como Daniel não foi devorado por leões quando é fato que passou a noite no mesmo local que eles; como Jesus morreu crucificado, sem sangue no corpo e subitamente apareceu vivo entre o povo; como Sara deu luz à um filho aos 90 anos de idade; como três homens (Sadraque Mesaque e Abdenego) entraram e definitivamente saíram ilesos (sem cabelos queimados ou cheiro de fumaça) de uma fornalha de fogo ardente que queimou os soldados que estavam do lado de fora da fornalha. Todos esses são fatos que afirmam que fica difícil para alguém que não tem uma relação de amizade com a pessoa de Jesus, entender e até acreditar que se passaram.

Acredito que algo pertinente que deva ser destacado aqui é: reflita, entenda qual é seu lugar no mundo, quais são suas percepções sobre o mundo como um todo, se questione. Não arrisco afirmar que você encontrará respostas, mas ninguém chega ao destino se não der o primeiro passo.
... E PERMITA-SE VIVER UMA NOVA VIDA, SEM "NÃO POSSO" "NÃO DEVO". CONSTRUA UM NOVO "EU" BASEADO NA VERDADE, POIS A VOCÊ FOI DADO O PRESENTE DE SER UMA NOVA CRIATURA.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei seu post, só agora pude ver com calma, parabens.

At

Cintia